by Ginnungagap

Afirmar é não negar, mas não negar não é afirmar!! O contrário também é verdadeiro.

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Flamengo, o sujeito aí, Dilma e o "jogar contra".

Há uma entrevista que acho que já foi assistida por "todo mundo" do palestrante motivacional Waldez Ludvig para o programa Sem Censura, há 11 anos (se não viu, veja, é muito legal),onde ele fala que, mais ou menos, um jogador insatisfeito, não faz "gol contra". Será?

Noutro dia, conversando com meu primo Marcelo Antônio, sobre o boicote dos jogadores do Flamengo ao técnico português Paulo Sousa, em que o time (na minha visão!) claramente entregou o título do campeonato estadual para o Fluminense (méritos para o tricolor que não tem culpa e aproveitou a chance) e meu primo disse: 

"Eles entregaram os jogos, mas não foram os culpados. Quando um jogador faz isso está dizendo o seguinte: “manda esse cara embora ou me manda embora porque minha vida útil como profissional é curta e um desastre desses pode acabar com a minha carreira” e nisso eles têm toda razão. Um timaço daqueles sendo tratado por um arrogante como se fossem jogadores do sub-17, sendo trocados de posição o tempo todo e ainda por cima ao final de jogos que não deram certo ouvindo o treinador falar que a culpa era deles, é revoltante." - Marcelo Antonio Cordeiro de Oliveira (07/09/2022)

Volto já ao Flamengo. 

Em 2014, Dilma Roussef (grande mulher!) foi reeleita contra tudo e contra todos, inclusive contra quadros do próprio PT, que queriam Lula presidente novamente, discursando não para o povo, antes para "o sistema". Se você puxar pela memória, lembrará que ela falava em "abrir as portas do governo", em "ser mais acessível", o que queria dizer, nas entrelinhas, que ela abriria, de fato, "as pernas" para o fisiologismo e a corrupção. 

Derrotado naquela eleição, o PSDB de Aécio Neves (eu não sei se o FHC ainda gosta dele), fez tudo o que pôde para atrapalhar e atravancar a governabilidade de Dilma. Sem as excelentes condições que tinha em 2010, com a crise "marolinha", finalmente chegando por aqui, com mais força e lutando herculeamente para acertar o  país, Dilma não resistiu e foi afastada por um golpe descarado sobre o qual muito já se falou. O ponto aqui é, o PSDB "jogou contra" a nação, como mais tarde admitiria um de seus caciques, Tasso Jereissati. O partido tomou posições contrárias a seus próprios princípios e ao país, apenas para prejudicar Dilma.

Quando o sujeito que hoje ainda ocupa a presidência da República foi eleito em 2018, não haveria quem o contrariasse e não houve ninguém "torcendo contra o país". Eu mesmo imaginava que, a despeito da escrotidão dele e da escumalha que assumiria os ministérios, o terceiro escalão do governo continuaria funcionando e que poderíamos ter, sim, alguns avanços no país. Infelizmente eu estava errado, ele destrui até os escalões mais baixos, colocando militares inúteis e incompetentes em todos os níveis do governo e arrebentou com o país. 

Ainda assim, no último ano, desesperado para não perder a boquinha (e foi a isso que esse infeliz reduziu a presidência do Brasil, uma boquinha), o boçal (eu o chamo de BoçalMor) lançou uma série de medidas populares (como as que o povo que o defende critica ferozmente). O que fez a esquerda? Mesmo sabendo que poderiam ajudar na reeleição do excremento, votaram a favor, porque o povo está acima de qualquer coisa. 

De novo o Flamengo

A diretoria do Flamengo é formada, em sua grande maioria (não digo totalidade,  porque não conheço todos) por pessoas tão escrotas quanto a horda que ocupa ainda o governo federal. Alinhados com os pensamentos fascistas, excludentes, nazistas do excrementíssimo (des)presidente da República, a récua comandada por Rodolfo Landim, eleva os preços dos ingressos, exclui os sócios de fora do Rio de Janeiro e larga o futebol à sorte de ter um Jorge Jesus no comando ou de ser comandado pelos jogadores. Quando o técnico é bom, como Dorival, como Rogério Ceni, dá samba, quando o técnico é ruim, como Renight Gaúcho, ou quando o técnico não tem força, como Paulo Sousa e Domenec dá merda.

 Assim como o Brasil, como o povo brasileiro, o Clube de Regatas Flamengo está acima dos calhordas que o comandam e seus torcedores torcem e se empolgam com o desempenho do time, não obstante as calhordices como posar com o candidato a presidente (o porco que perdeu) no dia da eleição, com a Taça Libertadores da América, desprezar os meninos mortos no Ninho do Urubu e exaurir as famílias forçando-as a aceitar acordos injustos e outras atrocidades.

Só que a diretoria do Flamengo, assim como o estrume que vai ser ejetado da presidência e da história do país, não pára de produzir atos hediondos. Nesta semana, a Diretora de Responsabilidade Social (pqp!!), Angela Machado, esposa do presidente, Rodolfo Landim, numa atitude extremamente escrota, postou nas redes sociais, ofensas ao Nordeste, porque aquela região foi decisiva para o resultado das eleições. O estúpido presidente, em entrevista, defendeu a escrotidão da mulher e sequer fez aquele pedido de desculpas para inglês ver "aos que se sentiram ofendidos". (Obs. Esse pedido veio, numa nota fria da própria Angela, apenas muitos dias depois, em função da grande repercussão negativa). 

A torcida que tem bom senso e, especialmente a torcida do NE (sem a qual, ressalte-se, o Flamengo não teria a maior torcida do planeta) poderia, como os jogadores que entregaram o título, parar de comprar camisas, de assistir aos jogos, cancelar as assinaturas, cancelar os títulos de sócio, boicotar os patrocinadores e, em último caso, mudar de time até essa diretoria sair. Não poderia?

Só que a torcida sabe que o Clube é maior do que esses idiotas. Agora é torcer para, além dos títulos, o clube ganhe uma diretoria decente no próximo pleito. 

Vejamos se Waldez, em sua próxima entrevista, revisará a parte do "jogador insatisfeito não faz gol contra"...

Fique bem.

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Corrupção: a hipocrisia do Neoliberalismo (e do brasileiro!)

Certa vez, eu andava pela rua 7 de setembro (Centro do Rio de Janeiro), quando um rapaz vinha em sentido contrário, com um triciclo (um baú sobre rodas empurrado por uma "traseira" de bicicleta) carregado de bombons. Ao chegar perto de mim, ele passou por um buraco e a bicicleta virou, derrubando os bombons. Imediatamente, eu fui para cima dos bombons e comecei a pega-los e colocar nos bolsos. Ele falou "o que é isso, moço, são meus bombons?" eu respondi: Ora, se fazem isso, quando vira um caminhão de produtos, por que não posso fazer com os seus? Ele ficou me olhando com cara de "tela azul", devolvi os bombons e saí com a esperança de ter plantado uma semente de consciência em alguém.

Não se trata de viralatismo, o Brasil é um país corrupto, em maior ou menor grau, em todos os níveis sociais e financeiros. Desde quem compra um produto "que caiu do caminhão", a quem "descola" um recibo para reduzir o IR a pagar, a quem presta um serviço sem nota (PF ou PJ), passando por quem avança sinais de trânsito até quem tenta corromper até as entidades com promessas a serem pagas depois do milagre, despachos a serem feitos depois do favor... é, nem Deus, nem Orumilá escapam de uma propina.

A solução para a corrupção, no meu entender, é a Educação. Educação conscientizadora, fomentadora de um senso coletivo, inibidora de ganância. Uma educação como tem pessoas em países onde, se você deixar seus chinelos à porta de um templo, eles lá permanecerão indefinidamente até que você os recolha ou que uma chuva os leve. Um projeto (de Educação) que levaria, no mínimo, trinta anos, o tempo para plantar a semente numa geração, de modo que ela semeie e dê frutos suficientes na geração seguinte. 

Como eu disse, há muito tempo, um dos grandes erros (e grandes acertos) de Lula foi simplesmente "abraçar" a corrupção, conviver com ela, com a contrapartida de fortalecer órgãos fiscalizadores. Nesse movimento, ele acabou por "se misturar com porcos" e até hoje "come o farelo", representado pela pecha de ladrões que ele e o PT receberam e que se tornou o "único argumento contrário" que muita gente utiliza.

Noutro dia, eu entrei num debate acalorado num grupo de que participo, porque defendi a ideia de que a corrupção não é o maior dos males do país. Afinal, com corrupção e tudo, Lula levou o país à sexta posição no ranking da economia mundial, fez a Petrobrás (sim, a Petrobrás!) ser uma das maiores petrolíferas do planeta, com lucros sensacionais e distribuindo polpudos dividendos isentos de impostos.

Senão, vejamos. Eu já trabalhei no mercado financeiro, almocei com gerentes, diretores e presidentes de bancos (nunca com um banqueiro), posteriormente, trabalhei como corretor de seguros dentro de um banco e vi de perto como funcionam as engrenagens que Eduardo Moreira comandou e hoje denuncia. Convivi ainda com grandes empresários e posso propor o seguinte exercício: Pergunte a CEOs de empresas e bancos se eles preferem um gerente financeiro que: 1) seja honesto e lhes dê prejuízos intermináveis ou 2) leve o seu "por fora" e dê lucros altíssimos. 

Pois é. O Sistema Capitalista é o maior incentivador da propina, do lucro a qualquer custo, do roubo mesmo. (Permita-me um longo parêntese: Os bancos roubam continuamente seus clientes e não estou falando de juros abusivos ou contratos enganosos, estou falando de furto, na "cara dura", sem o menor escrúpulo. Da seguinte forma: vão às contas dos correntistas e fazem um débito, com uma descrição aleatória de, digamos, R$1,00. Agora pensemos: o Bradesco tem hoje 74,1 milhões de clientes. Suponhamos que, sendo muito generosos na conta, 10% desse total vá ao gerente e reclame desse débito, alegando que não autorizaram, que é indevido etc. Os outros 90% dos clientes (66,7 milhões), simplesmente ignorariam a saída de sua conta., ou seja, em um simples lançamento, o banco "fatura" R$ 66.700,000,00. Cabe observar que essa prática surgiu antes do Real, quando a inflação galopante e a correção monetária ajudavam ainda mais a disfarçar a tunga e chegou a ser proibida pelo PROCOM, voltando a ser praticada até os dias de hoje. Fim do parêntese). 

Há corrupção em todo o mundo, em todos os sistemas, porque há a ganância e a vontade de ganhar mais do que se pode ou merece, porque há o prazer do ilícito, mas em países com Educação, a corrupção (quando descoberta!!) leva a punições severas, muitas vezes auto impostas. Aqui, ainda cabe falar sobre o governo PT (repetindo o texto que indiquei acima), quando seus principais líderes foram para a cadeia (cadeia!), com o partido ainda no poder, ministros foram exonerados por pequeníssimas infrações ou simples suspeitas.

No caso tupiniquim, é preciso também levar em conta os furtos e roubos decorrentes de (extrema) necessidade. 

Não cabe aqui, entrar no mérito de qual é o maior problema do país (se são os privilégios, as isenções e a sonegação, os juros da dívida interna, a indecente concentração de renda,  anyway), nem na questão do pseudo parlamentarismo que a constituição de 88 implantou, transformando os executivos em reféns dos legislativos e, hoje, fazendo o país ter um primeiro-ministro na prática, o presidente da Câmara que é quem verdadeiramente manda no país, controlando o orçamento. 

O objetivo deste texto é pontuar que "pregar o combate à corrupção" como solução definitiva para o país é pura hipocrisia. A corrupção é uma chaga, mas é antes um sintoma de um mal muito maior.

Fique bem.

terça-feira, 12 de julho de 2022

A retórica malabarista (e desonesta) da polarização simétrica

A semana do domingo 10 de julho de 2022 começou com um assassinato. Um agente penitenciário seguidor do sujeito que ocupa a presidência do Brasil (recuso-me a escrever seu nome) invadiu a festa de aniversário de um guarda municipal de Foz do Iguaçu, cujo tema era o ex-presidente Lula e, após gritar impropérios, saiu, voltou armado e atirou no anfitrião. Inexplicavelmente, a polícia civil da cidade emitiu um comunicado de que os dois haviam morrido no que teria sido um confilto. Imediatamente, as televisões (a "grande" mídia) começou a noticiar a morte dos dois, como sendo consequência da polarização política que o país atravessa

(Antes de continuar, quero abrir um longo parêntese aqui. Foi o ex-juiz, ex-ministro e "ex-croto" indivíduo conhecido por Marreco de Maringá que cunhou o termo "bolsopetismo", dando origem à ideia de que o idiota que (des)governa o país e o futuro presidente Lula são "a mesma coisa". Esse termo foi apropriado pelo "bastião da terceira via", o cearense Ciro Gomes, pela inexpressiva senadora Simone Tebet e, mais recentemente pelas emissoras de televisão.)

Anyway, rapidamente, para suportar o argumento de que "os dois lados são a mesma coisa", emissoras de TV resgataram uma (ok, mais uma infeliz) fala do ex-presidente em que ele agradece ao apoio de um vereador que empurrou um sujeito contra um caminhão que passava. Cabe contextualizar que a "tentativa de assassinato apoiada por Lula" foi uma reação a agressões verbais proferidas pela vítima, foi um empurrão cujo propósito (vendo vídeo eu entendo assim) não foi o de matar o imbecil, embora passasse ali o caminhão no momento. 

Uma fala infeliz, equiparada a toda uma vida de atrocidades proferidas repetida e descaradamente, de incentivo à violência ("vamos fuzilar a petralhada", "tem que fazer o que a ditadura não fez e matar uns 30 mil, começando pelo presidente") e por aí vai.

O desespero de impedir que o PT chegue de novo ao poder, faz com que pessoas inteligentes recorram aos mais estapafúrdios malabarismos argumentativos, entre eles a simetria entre Lula e o inominável. As pessoas só tinham um argumento contra Lula: ele é ladrão, ainda que nada tenha sido provado contra o ex-presidente e que ele tenha sido inocentado (sim, inocentado!!) de todos os processos que foram movidos contra ele. (Veja, eu não acho que Lula seja perfeito e eu mesmo tenho muitos argumentos contra ele, mas não deixo de pensar que ele tenha sido o melhor e mais inteligente presidente que o país teve em toda a história).

A "igualdade" entre Lula e o excremento eleito em 2018 passou a ser o segundo argumento. Eu nem vou me dar ao trabalho de listar as diferenças, porque seria corroborar com a comparação que é totalmente descabida e apelativa e (a especialidade de Ciro e sua "turma boa") intelectualmente desonesto. 

Entendam. nem dizer que "os dois são humanos"  ou que "os dois são políticos" é válido. O pedaço de dejetos que ocupa o Planalto sequer pode ser classificado como um dos dois. É um bicho, que mamou nas tetas do erário a vida toda, sem contribuir com qualquer coisa, sendo motivo de chacota, servindo de bobo da corte para programas humorísticos.

Por fim, resta o (também torto) raciocínio de que "eleger Lula apenas para tirar o boçal de lá é exatamente a mesma coisa que foi feita em 2018 quando elegeram o boçal apenas para se livrar do PT". Isso é extremamente ridículo. Senão vejamos:

1) em 2018, não foi o PT quem saiu do poder. O PT foi alijado por um golpe em 2016 (um "acordão" com Supremo e tudo). Naquele mesmo ano, teve início ao sucateamento dos principais pilares do país: saúde e educação. Em 2018, as pessoas votaram movidas pelo antipetismo e pelo ódio classista. 

2) o energúmeno eleito representava uma aposta, para muitos, a crença num país livre da corrupção (do PT, embora o PT tenha sido o partido com menos parlamentares envolvidos em escândalos de corrupção), em um país mais desenvolvido. O voto em Lula não é uma aposta. Ele já governou o país. Tirou-nos do mapa da fome, promoveu distribuição de renda, democratizou o ensino, levou-nos à sexta posição na economia mundial, deu uma banana para o FMI e caminhava para o fortalecimento de um banco independente (dos BRICS). E mais: Lula privatizou e deu lucro aos bancos também. Como eu já disse em outros textos e várias vezes no Twitter, o problema não foram os pobres no aeroporto, foram os pobres nas Universidades. 

Enfim, existe uma polarização? É claro, o sistema é desenhado para isso. Um sem número de candidatos é reduzido a dois, num segundo turno e é natural que os dois primeiros antecipadamente "polarizem" as atenções. 

Oxalá, a polarização só dure até o primeiro turno, onde expurgaremos o mal que nos assola, sem precisar do segundo.

Fique bem.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Saber a hora de parar

O Caso de Abel Braga e uma reflexão sobre a hora de parar.


Não vou entrar na questão da previdência, nem levantar questões que possam suscitar "paixões políticas". Antes, minha intenção aqui é provocar uma reflexão sobre o momento de dar um passo atrás, de parar o que está fazendo e, para quem puder, parar de vez ou, para quem não puder, recomeçar em outro caminho. Tampouco pense que este post é sobre futebol, embora eu vá falar bastante sobre ele.


Afinal, o que me motivou foi o momento atual do futebol brasileiro, mais especificamente dos técnicos brasileiros de futebol, ainda mais especificamente de um técnico em particular: Abel Braga, que hoje treina o outrora glorioso Clube de Regatas Vasco da Gama.


Vamos ao contexto:


Que o futebol brasileiro veio decaindo de qualidade nas últimas, digamos, duas décadas, é inegável. Mesmo para quem não "respira futebol", como meu irmão @Marcello Escobar, o declínio de nossa posição no cenário mundial acontece à olhos vistos.


Posso dizer que o último time de futebol que nos representou, que nos deu orgulho, que estimulou paixão e que é decantado em prosa e verso até hoje, foi a seleção nacional de 1982. Isso mesmo, 1982!! E o time foi eliminado da Copa do Mundo daquele ano. Ok, os mais jovens podem me acusar de saudosismo, dizer que a seleção de 2002 foi grandiosa também, não vamos discutir isso. Pode ser mais do que opinião, mas aqui estou dando a minha.


O futebol brasileiro sempre foi caracterizado pela "molecagem", pela ousadia, pela coragem de tomar a iniciativa, de correr riscos, foi... apenas foi.


Nossos dirigentes passaram a exigir dos técnicos resultados e apenas resultados. Grandes clubes começaram a demitir técnicos com menos de 6 meses de trabalho. Novamente, "tudo bem", dirão alguns. Numa empresa privada, fazemos contratos de 3 meses de experiência, período no qual podemos ser demitidos sumariamente (e pedir demissão também!). Mas, pense um pouco, quantas pessoas em "todos esses anos nessa indústria vital" você viu serem demitidas nos primeiros três meses de contrato por incompetência? Eu nunca vi!


Com a comercialização do futebol, com essa política imediatista e midiática com a necessidade de resultados e, principalmente com a instabilidade da posição de técnico de futebol, nosso futebol mudou. Os técnicos se acorvardaram e passamos a ver e achar normal times buscarem o resultado a qualquer custo. Não importa jogar bonito ou jogar feio, importa ganhar. Aqui, poderíamos fazer uma reflexão sobre a "desromantização", a vulgarização e a "descartabilização" do mundo. Mas isso fica para outro post.


Ficou normal e "fez escola", a "estratégia" (ponha mais aspas) de "jogar por uma bola", de buscar a vitória mínima, fazer um gol e recuar para se defender. Times grandes passaram a fazer isso contra pequenos e a torcida aceitou isso como normal.


Abel Braga é um homem que tem história no esporte. Nunca foi um jogador espetacular, mas sempre foi exemplo, foi um vencedor, encerrou sua carreira como defensor e virou técnico. Defensores transformam-se, por regra, em bons treinadores. Como treinador, o "professor" Abel se saiu muito bem, tido como "paizão" pelos jogadores, teve uma carreira vitoriosa, conquistou um título mundial com o Internacional, vencendo nada menos do que o poderoso Barcelona (ok, não era tão poderoso assim).


Só que Abel Braga se transformou em treinador no momento errado. Virou treinador, nesse ambiente de instabilidade e cobrança exarcebada por resultados. O próprio título mundial que conquistou foi a coroação desse estilo. Vitória mínima, numa única chance aproveitada. Em 2018, Abel fez um trabalho razoável com um time fraco do Fluminense futebol clube. Trabalho elogiado que o manteve no nível de "grande treinador", de "medalhão" do futebol brasileiro. Mas uma tragédia o atingiu. Abel perdeu seu filho, mas continuou trabalhando. Amparado pela torcida e pelos jogadores do Fluminense que passaram a se esforçar ainda mais em nome do seu comandante.


A perda do filho, tornou Abel Braga numa figura ainda mais querida, mais "paparicada", a empatia tomou conta de repórteres e jogadores/cronistas que passaram a elogiá-lo e defendê-lo.


O trabalho no Fluminense credenciou para dirigir o Clube de Regatas Flamengo. Um clube que amargava 6 anos de "quase títulos", mas que passara por uma reestruturação financeira, um processo de saneamento, que colocaria o time numa situação diferente no cenário nacional.


Mas espere... preciso voltar um pouco... algo mudou.


No começo de 2019, um argentino baixinho e careca de nome Jorge, Jorge Sampaoli, que fora campeão da América com o Chile, que fizera um trabalho questionável com a Argentina na Copa do Mundo, surgiu no cenário Nacional.


Abel Braga dirigia o Flamengo, com diretoria nova, jogadores novos e ânimo novo... ânimo novo? Nem tanto.


Enquanto Sampaoli dava ao time do Santos um padrão de jogo alegre, ofensivo, "inovador" e despertava a ira do corporativismo dos técnicos nacionais, chegando a ser criticado pelo fato de andar de bicicleta e ter tatuagens, Abel consegue no Flamengo, com seu estilo defensivo e feio, números até bons, mas não encantava a torcida.


Após perder duas vezes e dizer que "Isso é normal", Abel ficou sem clima e, no meio do ano, o Flamengo foi a Portugal buscar outro Jorge... Jorge JESUS!!


Trocadilhos religiosos à parte, o que aconteceria a seguir cabe em outro post, JESUS (cujo assistente era e é ninguém menos do que João de Deus) "ressuscitou" o Flamengo. Levou o time ao título da América depois de 39 anos, ganhou o campeonato nacional com uma distância de 19 pontos (equivalentes a 6 vitórias e 1 empate) de vantagem para o segundo colocado, o Santos, do primeiro Jorge. O Flamengo teria sido o campeão, mesmo que Abel não tivesse conseguido 1 ponto sequer.


Os dois Jorges abalaram o mercado de técnicos brasileiro. Mostraram que é possível o Brasil voltar a jogar com alegria, leveza, ousadia, aquele futebol intrépido que foi abandonado... tá bom, em 2002, lá se vão quase duas décadas.


Os medalhões do futebol brasileiro foram expostos e, com eles, toda a mídia que os endeusava e os credenciava como grandes treinadores. (Cabe um parêntese: O Brasil não emplaca um técnico em um grande clube do exterior, nem em mercados medianos, há uma década e meia, desde Vanderlei Luxemburgo em 2005, no Real Madrid. (Passagem que também merece outro post).


Então, e o Abel?


Depois da saída desastrosa do Flamengo, Abel foi dirigir o meteoricamente descendente Cruzeiro. À beira da segunda divisão (para a qual viria a descer) o time azul de Minas chamava o comandante para tentar recuperar um time desestabilizado por panelinhas, salários atrasados, com falta total de motivação... Não conseguiu. Com três vitórias, quatro empates e uma derrota (novamente, números até regulares, mas insuficientes), Abel deixou o Cruzeiro faltando 3 rodadas para o final do campeonato, enterrado na Zona de Rebaixamento.


Quando é a hora de parar?


Abel Braga talvez precise trabalhar. Não do ponto de vista financeiro (é só uma especulação, não tenho dados para afirmar isso!). Ele já está certamente garantido. Talvez precise, porque o trabalho, de verdade, mantém o cérebro ativo, mantém o "sopro" de vida, traz a sensação de utilidade para o mundo. Ele precisaria trabalhar como treinador? Esse é o mote desse artigo, toda essa volta para lhe trazer a esta reflexão. Adianto que não vou responder à pergunta. Vou analisar as possibilidades, vou narrar os fatos, sob a minha ótica e, sim, indicar o que penso, mas lhe deixar à vontade para tirar suas próprias conclusões.


Abalado pela perda do filho, tendo saído muito mal dos dois últimos clubes que treinou, nitidamente desatualizado no esporte, sem necessidade financeira de trabalhar. Por que, Abel Braga voltaria à beira de um gramado? À pressão de um vestiário, para provar o quê? Por que por em risco uma história de vitórias, por que desprezar uma campanha fraca, ainda assim digna para terminar a carreira? Deixo-lhe as perguntas que me faço. Sem julgamento de valor, após a maioridade, após tomar suas vacinas (ou não!) as pessoas são responsáveis pelo que fazem e também são quem sofre as consequências.


No começo desse ano, Abel Braga resolveu assumir o comando do Clube de Regatas Vasco da Gama, atendendo ao pedido do presidente do clube que é seu amigo. Outro clube com problemas para pagar salários, outro clube com dificuldade para manter jogadores, outro clube com um caminho complicado, cheio de obstáculos para percorrer. Clube onde se destacou quando era jogador há mais de 30 anos.


Inflado com o "prestígio" de ainda ser chamado para um clube grande e, talvez "emprenhado pelo ouvido" por amigos não tão amigos, Abel se traveste de uma vaidade inesperada e diz que o Flamengo lhe deve pelas conquistas dos títulos.


Começa o ano e o Vasco não começa bem. No primeiro confronto contra o grande rival, o Flamengo, que joga com um time de aspirantes, Abel coloca também seus aspirantes. Alega que está "aproveitando" para fazer experiências, mas muitos analistas (e eu também acho) que ele, mais uma vez, se acovardou e não quis correr o risco de pôr seu time principal e perder para meninos do Flamengo.


Na sexta-feira, 31/01/2020, o Vasco jogou uma partida contra o pior time do campeonato carioca no momento, a Cabofriense... e perdeu. No domingo, com um time “remendado” perdeu um clássico para o Botafogo, desclassificando o time da disputa pela Taça Guanabara (o primeiro turno do campeonato estadual).


Abel parece perdido, suas entrevistas pós derrotas servem de motivo de galhofa na imprensa. "O jogo foi lindo", "Gostei do time", "Tenho orgulho do time".


Abel Braga foi xingado pela torcida do Vasco, deve sair muito queimado do clube... Com um pouco de sorte, o amigo presidente faz-lhe uma homenagem, dá-lhe uma placa, pelos serviços prestados ao clube


Eu não posso me dar ao luxo de parar de trabalhar. Muitos trabalhadores também não podem e não poderão. Mas Abel podia... e não o fez.


Por quê? Quando é a hora de parar?


Fique bem.

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Ah, é, é?...

Na década de 80, houve um humorístico chamado Planeta dos Homens. Nele, os macacos eram protagonistas e surgiram à época muitos bordões que uso até hoje, entre eles "desculpe a ignorância do macaco". Estavam lá Agildo Ribeiro, Jô Soares,  Paulo Silvino, Berta Loran, Alcione Mazzeo, Nuno Leal Maia, Renata Fronzi e muitos outros de altíssimo naipe da televisão e do humor brasileiro.
 
Um dos quadros, era  com Jorge Botelho, interpretando um personagem  que ficava sempre em uma fila ou sala de espera, anyway. De repente, ele gritava alguma coisa como, exemplo, "você é que tem medo até de barata!". Diante do espanto das pessoas ao redor, ele explicava.  "Sabe o que é? É que eu eu tenho um problema, quando alguém me fala alguma coisa, na hora, eu não consigo responder. Eu fico assim "Ah, é? É?". E só algumas horas depois, eu penso na resposta, aí eu falo, como agora."

Essa longa introdução é para falar de um amigo (não direi o nome, se ele quiser se entregar nos comentários,  fique à vontade) muito inteligente e que é "Isentão". Ele faz parte de um grupo de pessoas muito inteligentes (eu estou no grupo!! Heheh) que foi bastante afetado pela polarização atual da política. 
 
Neste grupo, todos me classificam como "petista xiita", porque eu simpatizo com o PT e bato forte no (des)governo BoçalMor.  Não tenho nenhuma boa vontade mesmo. Acho que quaisquer eventuais coisas boas que esse (des)governo faz são como Band aid em corte de motosserra, dadas as atrocidades e a destruição do país, que estão promovendo em todas as áreas. Como disse a Cora Ronái "Melhor do que nada, mas é quase nada."

Noutro dia, eu e esse amigo tivemos uma conversa conciliadora. Ele admitiu seu erro de não ter votado contra o inominável, sabendo o que sabe hoje. Eu falei então que prometeria não ser xiita, se parassem de falar do PT, todas as vezes em que eu batesse no (des)governo. 

Aí, esse amigo disse que eu não poderia reclamar de erros que PT houvesse também cometido... Espera! Dois dias depois me caiu a ficha. Hoje, quase uma semana depois escrevo este texto. 

Que cazzo de argumento é esse? O Isentão usando o "e o PT?". Porra, pensemos um pouco: o (des)governo rouba. Ah, não posso reclamar porque o PT (alegadamente) também roubou.  O (des)governo pressiona e censura a imprensa. Ah, não posso reclamar, porque uma vez o Lula também fez pressão para um repórter ser demitido. BoçalMor mandou matar uma deputada (não tenho provas, só convicção, mas eu não sou procurador da república, né?). Ah, mas e o Celso Daniel? BoçalMor mata índios. Ah, mas Lula emprestou dinheiro para sanguinários. É isso mesmo, senhores Isentões? "E o PT??". Lamentável. 

Aproveito que você chegou até aqui para deixar clara uma posição: O inominável senhor que ocupa o cargo de presidente, lançou-se à reeleição com poucas semanas (talvez meses) de empossado e mantém o clima eleitoral até hoje, citando o PT, e o Lula e todos embarcam nessa onda.

Se você tiver dois neurônios, considerando sua posição, eu lhe peço: Abra os olhos, você está sendo manipulado. (E por um bando de imbecis. Tá, o Olalho de Carvavo não é burro, mas é um imbecil!!!).

Se é de direita: pare de aceitar esse argumento porque o estrago que esse (des)governo está causando ao país pode até conter alguns erros de administrações passadas, mas a comparação impede você de enxergar isso. Não são pequenos pontos de acerto que farão esse (des)governo valer a pena. Mas se você é direita e chegou até aqui, já lhe agradeço pela consideração e parabenizo pela disposição de ler uma opinião diferente.

Se você é de centro: não faça isso. Você está argumentando como um bolsominion dos mais idiotas. Aliás, foi Carluxo quem disse (ele apagou o Twitter e, infelizmente eu não guardei o print) que para reclamar da corrupção desse (des)governo deveríamos esperar pela mesma quantidade de tempo que o PT ficou no poder... Por favor, amigo isento, arranje outro argumento. "E o PT?" não vale.

Se você é de esquerda: por favor, pense duas vezes antes de bater no governo, comparando ao período do PT ou mesmo a qualquer outro período anterior. Só interessa a essa trupe ensandecida que o clima de eleição se mantenha, porque desvia o foco. Não somos "concorrentes" do (des)governo, somos oposição. Se ele cair, haverá muitas coisas (Mourão, Maia, Toffoli, novas eleições) antes de voltarmos a esse espírito. 

Claro, claro que Lula também ganha com seu nome em evidência, aí entra a manipulação de esquerda. Lula é outro capítulo (já escrevi sobre ele, mas ainda escreverei mais). Infelizmente, eu achava que ele era "só" maior do que o PT, mas ele é, minha visão, mais do que toda a esquerda e será muito difícil, enquanto ele estiver ativo (não quero que ele morra, apenas que se aposente) para a esquerda no Brasil se reorganizar. 

Até, vamos vendo a banda passar e dizendo "Ah é, é?"...

Fique bem.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Gentileza gera... abuso

Jacques Lacan, psicanalista francês formulou a Teoria do Espelho. Muito resumidamente, diz a teoria que o que vemos nos outros é realçado por aquilo que vemos ou que gostaríamos de ver em nós mesmos. Assim, se uma característica de alguém que está ao nosso lado nos incomoda, de fato, estamos incomodados pela materialização de uma característica nossa da qual não gostamos.

Maquiavel, em um de seus muitos conselhos a seu Príncipe, sugeriu que atribuísse ao outro, seus próprios defeitos, de modo a impedir que o outro o faça primeiro. Na política, este é um recurso muito comum.

A direita ultrarradical que vem se espraiando pelo mundo através dos bilhões de dólares de Bannon e seus quetais, instaurando ditaduras, cerceando direitos em nome de uma "liberdade" para o capital, utiliza este recurso muitíssimo bem. Aponta as ditaduras da esquerda para justificar as suas, aponta a riqueza da esquerda, rotulando-a como hedonismo, para justificar o seu hedonismo, como se a esquerda quisesse "tudo para si" ao invés de "tudo para todos", aponta para o assistencialismo como alimento para a preguiça que, de fato, é sua ao não querer produzir e viver de especulação e da exploração dos desafortunados, anyway, apoia-se no efeito espelho ao máximo e, com isso, convence seus adeptos.

Para mim, só há três tipos de pessoas apoiando esse (des)governo, independentemente do nível de QI:

1) Os mal intencionados, que são maus caráteres. Oportunistas como os mega pastores, os grandes sonegadores, como o Véio da Havan, os lambebotas da imprensa (por favor, não falo de todos os jornalistas,infelizmente é preciso deixar claro!), os idiotas que tem um Corolla do ano e acham que fazem parte da "elite do país", entre outros.
2) Os ingênuos. A grande maioria que não tem discernimento e segue qualquer coisa, seguem a esse (des)governo como seguiriam a qualquer outro, defendendo-o com unhas e dentes sem noção do que fazem.
3) Os orgulhosos. Os "isentões" e os "anti petismo" que se recusam a "dar o braço a torcer" e reconhecer a merda que fizeram.

(Nota, loooongo parêntese: sei que é possível "espelhar" as mesmíssimas três categorias na oposição, contudo acredito que a distribuição percentual entre elas seja o diferencial e, mais uma vez (what can I do?) citando Reinaldo Azevedo, para ser de esquerda o sujeito precisa de um nível mínimo de compreensão da realidade e de "profundidade de discurso" que essa direita radical que está aí, dispensa por ser rasa e opositora do esclarecimento e da educação. Reinaldo dá um exemplo muito bom. Para ser de esquerda, é preciso compreender que o bandido, grosso modo, é uma pessoa que nasceu sem oportunidade, sem perspectivas, levado ao crime pela sedução do dinheiro e da vida boa. Para ser de direita basta pensar: "Bandido bom é bandido morto.", nada mais. Fim da nota)

E são as pessoas inteligentes que estão no último grupo que mais me "tiram do eixo", algumas no segundo grupo também. O que tem me incomodado na sua posição não é uma tentativa pollyanesca de enxergar algo de bom nesse governo. Antes, a eterna insinuação de que quem se opõe a esses excrementos que ocupam o Planalto, seja um "Lulaminion" e, para mim, pior, sua insistência na "desculpa" de que com Haddad seria pior, argumento único de 99,99% dessas pessoas. Soa para mim como um "não vou dar o braço a torcer e reconhecer a merda que fiz" reforçado por "tenho a desculpa perfeita para dormir à noite".

Considere-se, ainda, que há agora os Cirominions tentando surgir como terceira via, o que implica uma falácia intelectual, não obstante seus discursos didáticos (para poucos), linguisticamente quase irretocáveis, mas que escondem uma ideologia enviesada e, em muitos momentos torpe, porque utiliza recursos emocionais "racionalmente calculados" e alegorias que distorcem a realidade, aproveitando-se habilmente de meias verdades ou de meias interpretações de verdade que, num mundo polarizado e raso se tornam mais do que suficientes para arregimentar incautos, como por exemplo sua "ajuda ao PT", quando na verdade ele "ajudou" a todos os governantes desde a ditadura, comendo das migalhas que caíam das mesas, essa "ajuda" entre aspas indica que foram atitudes fisiológicas de quem não queria estar longe do poder.

Ouvindo o podcast Mamilos (estou "maratonando" para tirar o atraso), no episódio sobre ditadura, descubro que há também um "novo Centro". Eu me considero de Centro Esquerda e explico  minha posição, descolando-me do Centro que hoje existe na política  brasileira. Um amontoado amorfo de aproveitadores e oportunistas que se bandeiam para o lado que "pagar mais".

Pois bem, já há uma "campanha de Whatsapp" defendendo que "o Centro" é a solução para essa política polarizada entre "isso que está aí" (refiro-me ao presidente e camarilha) e o Lula (que, infelizmente, não é "só" maior do que o PT, é maior do que a própria esquerda!).

Esse "novo Centro" é uma direita moderada que busca ainda um líder (Dória (argh)? Huck? Maia? Não se assustem se o Ciro se bandear para lá) e que traz um discurso menos exclusivo, menos descomprometido com o social, capitaneada por nomes como FHC e Armínio Fraga. É Centro Direita, não Centro!

Ainda há as pessoas a quem eu pedi que simplesmente se afastassem de mim, pessoas que querem o fechamento do Congresso e do STF, pessoas que ecoam algumas das falas idiotas do estrupício que nos (des)governa como "não há fome no Brasil, porque não há mendigo magro" e outras imbecilidades. Estes não me perturbam, porque simplesmente não os levo à sério. Embora quando são figuras importantes do governo, deixam-me com, no mínimo, uma pulga atrás da orelha, porque a perspectiva de uma ditaduram, por exemplo, sempre foi real desde quando ficou certo que a coisa ganharia a eleição.

Anyway, não são o ódio e o preconceito emanados por este (des)governo de hoje o que me perturba, antes é o ódio e o preconceito, contra os quais luto com todas as forças, que ele e seus adeptos provocam em mim. A figura do atual presidente (estou me recusando propositalmente a escrever seu nome) é, para mim, a coisa mais abjeta e horrenda, minto, a segunda coisa mais abjeta e horrenda, suplantada pelo ministro da (in)Justiça, a passar pela história do país, em todos os tempos, incluídos aí os ferozes Emílio "AI5" Médici e Ernesto "Mão de ferro" Geisel.

Finalizando, a recusa em falar o nome do sujeito que hoje ocupa a presidência e os adjetivos que uso aqui para descrevê-lo são uma forma de passar uma ideia de como me sinto a respeito desse senhor, um pária que "mamou nas tetas do erário", usou dinheiro público para "comer gente", enriqueceu de forma suspeita (ele e os capang..., digo, filhos), um miliciano, um desqualificado. Simples assim. Isso me violenta, porque não me agrada esse tipo de ataque, não me agrada a ideia de um ser humano que não mereça respeito, mas sobre isso digo duas coisas:

1) Todas as regras tem exceção. E esse cara (e os próximos a ele) são exceções à regra de "respeitar seres humanos".
2) Citando Edmund Burke, pensador irlandês, pai do conservadorismo: "Há um limite além do qual a tolerância deixa de ser uma virtude". Ou, como dizia a Vovó, "filho, se você se abaixar demais, a bunda aparece!", ou, como diz o título do artigo...

Fique bem.

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Parabéns, José Trajano

Ao excelente jornalista, cidadão, exemplo para todos nós, com um dia de atraso, um pequena homenagem. Um "sonetóstico" (soneto + acróstico). Acabei de ouvir a um Pontapé (podcast de que ele participa brilhantemente toda segunda-feira à noite), muito emocionante com os muitos testemunhos de pessoas a quem ele influenciou e ajudou.

Parabéns, José Trajano dos Reis Quinhões

A imprensa sem ti seria exangue
Largo vazio, de ideias, deserto
O jornalismo está no teu sangue
José, cidadão, altivo, experto

Oh! O mundo não seria o que é
Se não houvesse você em seu seio
És firmeza, integridade, axé
Tanto a trabalho quanto a passeio

Reverenciá-lo é um grande prazer
A todo instante, a te ouvir, ler e ver
José, parabéns por mais esta data

Ainda espero tua presença grata
Nos áudios, vídeos por anos a vir
Obrigado, Trajano, por existir

Do seu fã,

Escobar.