by Ginnungagap

Afirmar é não negar, mas não negar não é afirmar!! O contrário também é verdadeiro.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Gentileza gera... abuso

Jacques Lacan, psicanalista francês formulou a Teoria do Espelho. Muito resumidamente, diz a teoria que o que vemos nos outros é realçado por aquilo que vemos ou que gostaríamos de ver em nós mesmos. Assim, se uma característica de alguém que está ao nosso lado nos incomoda, de fato, estamos incomodados pela materialização de uma característica nossa da qual não gostamos.

Maquiavel, em um de seus muitos conselhos a seu Príncipe, sugeriu que atribuísse ao outro, seus próprios defeitos, de modo a impedir que o outro o faça primeiro. Na política, este é um recurso muito comum.

A direita ultrarradical que vem se espraiando pelo mundo através dos bilhões de dólares de Bannon e seus quetais, instaurando ditaduras, cerceando direitos em nome de uma "liberdade" para o capital, utiliza este recurso muitíssimo bem. Aponta as ditaduras da esquerda para justificar as suas, aponta a riqueza da esquerda, rotulando-a como hedonismo, para justificar o seu hedonismo, como se a esquerda quisesse "tudo para si" ao invés de "tudo para todos", aponta para o assistencialismo como alimento para a preguiça que, de fato, é sua ao não querer produzir e viver de especulação e da exploração dos desafortunados, anyway, apoia-se no efeito espelho ao máximo e, com isso, convence seus adeptos.

Para mim, só há três tipos de pessoas apoiando esse (des)governo, independentemente do nível de QI:

1) Os mal intencionados, que são maus caráteres. Oportunistas como os mega pastores, os grandes sonegadores, como o Véio da Havan, os lambebotas da imprensa (por favor, não falo de todos os jornalistas,infelizmente é preciso deixar claro!), os idiotas que tem um Corolla do ano e acham que fazem parte da "elite do país", entre outros.
2) Os ingênuos. A grande maioria que não tem discernimento e segue qualquer coisa, seguem a esse (des)governo como seguiriam a qualquer outro, defendendo-o com unhas e dentes sem noção do que fazem.
3) Os orgulhosos. Os "isentões" e os "anti petismo" que se recusam a "dar o braço a torcer" e reconhecer a merda que fizeram.

(Nota, loooongo parêntese: sei que é possível "espelhar" as mesmíssimas três categorias na oposição, contudo acredito que a distribuição percentual entre elas seja o diferencial e, mais uma vez (what can I do?) citando Reinaldo Azevedo, para ser de esquerda o sujeito precisa de um nível mínimo de compreensão da realidade e de "profundidade de discurso" que essa direita radical que está aí, dispensa por ser rasa e opositora do esclarecimento e da educação. Reinaldo dá um exemplo muito bom. Para ser de esquerda, é preciso compreender que o bandido, grosso modo, é uma pessoa que nasceu sem oportunidade, sem perspectivas, levado ao crime pela sedução do dinheiro e da vida boa. Para ser de direita basta pensar: "Bandido bom é bandido morto.", nada mais. Fim da nota)

E são as pessoas inteligentes que estão no último grupo que mais me "tiram do eixo", algumas no segundo grupo também. O que tem me incomodado na sua posição não é uma tentativa pollyanesca de enxergar algo de bom nesse governo. Antes, a eterna insinuação de que quem se opõe a esses excrementos que ocupam o Planalto, seja um "Lulaminion" e, para mim, pior, sua insistência na "desculpa" de que com Haddad seria pior, argumento único de 99,99% dessas pessoas. Soa para mim como um "não vou dar o braço a torcer e reconhecer a merda que fiz" reforçado por "tenho a desculpa perfeita para dormir à noite".

Considere-se, ainda, que há agora os Cirominions tentando surgir como terceira via, o que implica uma falácia intelectual, não obstante seus discursos didáticos (para poucos), linguisticamente quase irretocáveis, mas que escondem uma ideologia enviesada e, em muitos momentos torpe, porque utiliza recursos emocionais "racionalmente calculados" e alegorias que distorcem a realidade, aproveitando-se habilmente de meias verdades ou de meias interpretações de verdade que, num mundo polarizado e raso se tornam mais do que suficientes para arregimentar incautos, como por exemplo sua "ajuda ao PT", quando na verdade ele "ajudou" a todos os governantes desde a ditadura, comendo das migalhas que caíam das mesas, essa "ajuda" entre aspas indica que foram atitudes fisiológicas de quem não queria estar longe do poder.

Ouvindo o podcast Mamilos (estou "maratonando" para tirar o atraso), no episódio sobre ditadura, descubro que há também um "novo Centro". Eu me considero de Centro Esquerda e explico  minha posição, descolando-me do Centro que hoje existe na política  brasileira. Um amontoado amorfo de aproveitadores e oportunistas que se bandeiam para o lado que "pagar mais".

Pois bem, já há uma "campanha de Whatsapp" defendendo que "o Centro" é a solução para essa política polarizada entre "isso que está aí" (refiro-me ao presidente e camarilha) e o Lula (que, infelizmente, não é "só" maior do que o PT, é maior do que a própria esquerda!).

Esse "novo Centro" é uma direita moderada que busca ainda um líder (Dória (argh)? Huck? Maia? Não se assustem se o Ciro se bandear para lá) e que traz um discurso menos exclusivo, menos descomprometido com o social, capitaneada por nomes como FHC e Armínio Fraga. É Centro Direita, não Centro!

Ainda há as pessoas a quem eu pedi que simplesmente se afastassem de mim, pessoas que querem o fechamento do Congresso e do STF, pessoas que ecoam algumas das falas idiotas do estrupício que nos (des)governa como "não há fome no Brasil, porque não há mendigo magro" e outras imbecilidades. Estes não me perturbam, porque simplesmente não os levo à sério. Embora quando são figuras importantes do governo, deixam-me com, no mínimo, uma pulga atrás da orelha, porque a perspectiva de uma ditaduram, por exemplo, sempre foi real desde quando ficou certo que a coisa ganharia a eleição.

Anyway, não são o ódio e o preconceito emanados por este (des)governo de hoje o que me perturba, antes é o ódio e o preconceito, contra os quais luto com todas as forças, que ele e seus adeptos provocam em mim. A figura do atual presidente (estou me recusando propositalmente a escrever seu nome) é, para mim, a coisa mais abjeta e horrenda, minto, a segunda coisa mais abjeta e horrenda, suplantada pelo ministro da (in)Justiça, a passar pela história do país, em todos os tempos, incluídos aí os ferozes Emílio "AI5" Médici e Ernesto "Mão de ferro" Geisel.

Finalizando, a recusa em falar o nome do sujeito que hoje ocupa a presidência e os adjetivos que uso aqui para descrevê-lo são uma forma de passar uma ideia de como me sinto a respeito desse senhor, um pária que "mamou nas tetas do erário", usou dinheiro público para "comer gente", enriqueceu de forma suspeita (ele e os capang..., digo, filhos), um miliciano, um desqualificado. Simples assim. Isso me violenta, porque não me agrada esse tipo de ataque, não me agrada a ideia de um ser humano que não mereça respeito, mas sobre isso digo duas coisas:

1) Todas as regras tem exceção. E esse cara (e os próximos a ele) são exceções à regra de "respeitar seres humanos".
2) Citando Edmund Burke, pensador irlandês, pai do conservadorismo: "Há um limite além do qual a tolerância deixa de ser uma virtude". Ou, como dizia a Vovó, "filho, se você se abaixar demais, a bunda aparece!", ou, como diz o título do artigo...

Fique bem.

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Edmund Burke, poeta irlandês disse: "Há um limite, além do qual a tolerância deixa de ser uma virtude." - Não aceitarei comentários de baixo nível.