A semana do domingo 10 de julho de 2022 começou com um assassinato. Um agente penitenciário seguidor do sujeito que ocupa a presidência do Brasil (recuso-me a escrever seu nome) invadiu a festa de aniversário de um guarda municipal de Foz do Iguaçu, cujo tema era o ex-presidente Lula e, após gritar impropérios, saiu, voltou armado e atirou no anfitrião. Inexplicavelmente, a polícia civil da cidade emitiu um comunicado de que os dois haviam morrido no que teria sido um confilto. Imediatamente, as televisões (a "grande" mídia) começou a noticiar a morte dos dois, como sendo consequência da polarização política que o país atravessa.
(Antes de continuar, quero abrir um longo parêntese aqui. Foi o ex-juiz, ex-ministro e "ex-croto" indivíduo conhecido por Marreco de Maringá que cunhou o termo "bolsopetismo", dando origem à ideia de que o idiota que (des)governa o país e o futuro presidente Lula são "a mesma coisa". Esse termo foi apropriado pelo "bastião da terceira via", o cearense Ciro Gomes, pela inexpressiva senadora Simone Tebet e, mais recentemente pelas emissoras de televisão.)
Anyway, rapidamente, para suportar o argumento de que "os dois lados são a mesma coisa", emissoras de TV resgataram uma (ok, mais uma infeliz) fala do ex-presidente em que ele agradece ao apoio de um vereador que empurrou um sujeito contra um caminhão que passava. Cabe contextualizar que a "tentativa de assassinato apoiada por Lula" foi uma reação a agressões verbais proferidas pela vítima, foi um empurrão cujo propósito (vendo vídeo eu entendo assim) não foi o de matar o imbecil, embora passasse ali o caminhão no momento.
Uma fala infeliz, equiparada a toda uma vida de atrocidades proferidas repetida e descaradamente, de incentivo à violência ("vamos fuzilar a petralhada", "tem que fazer o que a ditadura não fez e matar uns 30 mil, começando pelo presidente") e por aí vai.
O desespero de impedir que o PT chegue de novo ao poder, faz com que pessoas inteligentes recorram aos mais estapafúrdios malabarismos argumentativos, entre eles a simetria entre Lula e o inominável. As pessoas só tinham um argumento contra Lula: ele é ladrão, ainda que nada tenha sido provado contra o ex-presidente e que ele tenha sido inocentado (sim, inocentado!!) de todos os processos que foram movidos contra ele. (Veja, eu não acho que Lula seja perfeito e eu mesmo tenho muitos argumentos contra ele, mas não deixo de pensar que ele tenha sido o melhor e mais inteligente presidente que o país teve em toda a história).
A "igualdade" entre Lula e o excremento eleito em 2018 passou a ser o segundo argumento. Eu nem vou me dar ao trabalho de listar as diferenças, porque seria corroborar com a comparação que é totalmente descabida e apelativa e (a especialidade de Ciro e sua "turma boa") intelectualmente desonesto.
Entendam. nem dizer que "os dois são humanos" ou que "os dois são políticos" é válido. O pedaço de dejetos que ocupa o Planalto sequer pode ser classificado como um dos dois. É um bicho, que mamou nas tetas do erário a vida toda, sem contribuir com qualquer coisa, sendo motivo de chacota, servindo de bobo da corte para programas humorísticos.
Por fim, resta o (também torto) raciocínio de que "eleger Lula apenas para tirar o boçal de lá é exatamente a mesma coisa que foi feita em 2018 quando elegeram o boçal apenas para se livrar do PT". Isso é extremamente ridículo. Senão vejamos:
1) em 2018, não foi o PT quem saiu do poder. O PT foi alijado por um golpe em 2016 (um "acordão" com Supremo e tudo). Naquele mesmo ano, teve início ao sucateamento dos principais pilares do país: saúde e educação. Em 2018, as pessoas votaram movidas pelo antipetismo e pelo ódio classista.
2) o energúmeno eleito representava uma aposta, para muitos, a crença num país livre da corrupção (do PT, embora o PT tenha sido o partido com menos parlamentares envolvidos em escândalos de corrupção), em um país mais desenvolvido. O voto em Lula não é uma aposta. Ele já governou o país. Tirou-nos do mapa da fome, promoveu distribuição de renda, democratizou o ensino, levou-nos à sexta posição na economia mundial, deu uma banana para o FMI e caminhava para o fortalecimento de um banco independente (dos BRICS). E mais: Lula privatizou e deu lucro aos bancos também. Como eu já disse em outros textos e várias vezes no Twitter, o problema não foram os pobres no aeroporto, foram os pobres nas Universidades.
Enfim, existe uma polarização? É claro, o sistema é desenhado para isso. Um sem número de candidatos é reduzido a dois, num segundo turno e é natural que os dois primeiros antecipadamente "polarizem" as atenções.
Oxalá, a polarização só dure até o primeiro turno, onde expurgaremos o mal que nos assola, sem precisar do segundo.
Fique bem.
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