Verdade... verdade... verdade...

Impressionante como recorrentemente reduzimos uma conversa ao fato de que estamos aqui neste mundinho buscando "A" verdade. Existe uma história sufi que li não me lembro mais aonde que é assim:

"O Senhor do Mal conversava com um discípulo, quando passou por eles um homem, abaixou-se, pegou algo do chão e saiu sorridente.
_ Mestre,_ perguntou o discípulo ao Senhor do Mal_ o que foi aquilo que aquele homem pegou no chão?
_ Um pedaço da verdade._ respondeu o mestre
_ O senhor vai deixar aquele homem prosseguir com um pedaço da verdade?
_ Claro que vou. Ele vai ficar cego com aquele pedaço, criar para ele uma religião e não vai mais reconhecer nenhum outro pedaço que aparecer na frente dele."

Outro dia, conversando com um irmão de quem gosto muito e por quem tenho elevadíssima estima, que é um grande escritor, eu falei que não é possível afirmar nada com 100% de certeza. Então ele me respondeu com uma frase que gerou uma série de reflexões. Ele disse: "Se eu não afirmar 100% aquilo em que acredito, significa que acredito no oposto!". Lógico que essa é uma visão aristotélica "da coisa", isto é, "o que é não pode não ser". Se acredito em algo, ergo, não admito a possibilidade do oposto.



Há algo que venho recorrentemente repetindo nos últimos dias que julgo importante deixar registrado.

Julgo que haja duas formas "tangíveis" de se alcançar a verdade. Sobre Deus, por exemplo, eu costumo dizer que "se eu conseguir lhe explicar o que é, então não é mais".

A primeira forma é através da iluminação,  que os evangélicos chamam de "arrebatamento". Imagine acordar um dia e "entender" o universo, seu funcionamento, se deus existe ou não, em caso positivo, se ele tem um pinto ou uma perereca e tal... "Entender" no sentido mais amplo e "incompreensível para nós (humanos)". Certamente a pessoa seria capaz de realizar milagres (compreendendo as leis da física) de transcender tempo e espaço e não conseguiria mais manter-se neste nível energeticamente baixo e harmonicamente "grosso" em que habitamos e certamente não conseguiria falar numa linguagem que o resto de nós entenderia... Suspeito que hoje, uma pessoa conhecida mundialmente tenha atingido chegado próximo desse estágio, um senhor Stephen Hawkins, que acabou por "superocupar" o cérebro e perdeu as funções motoras...

A segunda forma de atingir a verdade é através da união das capacidades cognitivas de duas ou mais pessoas (quem sabe de 7 bilhões?). Isso é o que se tenta fazer numa igreja ou num templo. Todas as vezes em que nos reunimos, seja para buscar o sagrado ou um benchmark, estamos tentando expandir a nossa capacidade de atuação através de um "truque" chamado Sinergia... O xis da questão (seria quextão?) é um pequeno(??) obstáculo chamado vaidade. Um indivíduo nunca está disposto a abrir mão de sua verdade, pela de outro, sob pena de se sentir inferior, diminuído. Assim, mesmo juntos, não estamos juntos e nossa egrégora não se forma e nossa compreensão não se expande e nossa verdade não se completa.

Para terminar (este post, o assunto jamais se esgotará) eu diria que o verdadeiro místico está sempre pronto a aceitar uma verdade diferente da sua ou a afirmar a sua em relação a outra de acordo com seu julgamento, mas sem prejuízo da sua capacidade de ter uma opinião própria. Citando Raulzito "eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo"...

Blessed be.