Por que, diabos, as pessoas preferem ser sacanaeadas a serem contrariadas com educação?
É impressionante. Nunca paro de aprender sobre os seres humanos e nunca vou parar... Tenho um amigo que está passando pela experiência de se separar de um casamento que durou 17 anos (brutos, líquidos foram só uns 13).
Ele me contou que comeu o “pão-que-o-diabo-amassou”, sofreu, chorou, pensou em chutar tudo para o alto, mas não pode evitar a conclusão de que a relação acabara. Sua parceira, no entanto não aceitou, insistiu para que continuassem, não enxergando que era melhor viver só do que mal-acompanhada.
A relação já não fazia bem para os dois, um não dava mais energia para o outro, ao contrário, era só estresse, preocupação e desconsolo.
Qual o problema então? O problema é que em nossa sociedade hipócrita, um homem não sai de seu primeiro casamento após 17 anos sem ter arrumado outra mulher na rua...
Meretriz que deu a luz!!
Talvez, se ele tivesse arrumado outra, ela ficaria zangada por um ou dois meses e depois aceitaria conformada “a derrota”, mas “assim, só porque a relação acabou?”, “que m... é essa?”. Quantas relações falsas e frias não existem por aí? É melhor viver mal-acompanhado do que só!! (Já dizia a vó do Erasmo Carlos!)
Esse meu amigo me contou que, se a relação continuasse, certamente chegaria ao “final esperado por todos”, ou seja, ele certamente arranjaria uma nova paixão e sairia de casa para vivê-la. Ele acha, hoje, que deveria ter feito isso... Não entra na cabeça de ninguém que ele esteja se separando “por consideração à parceira”... Que sacanagem esse negócio de não querer sacaneá-la.
É uma espécie de consenso que, “por consideração” ele deveria continuar com a farsa, com a relação vazia. Afinal, na sociedade em que vivemos, olha-se para forma, não para o conteúdo... Quem está preocupado com conteúdo?
O fato é que ele saiu de casa para viver a experiência de se encontrar e para provocar na ex-parceira que busque se encontrar também... Como podiam estar juntos se não estavam inteiros, se não sabiam quem são?
Agora, o filho mais novo não quer mais contato, a mulher está aborrecida, porque não acredita que o “babaca” fez a coisa certa, acha que ele vai voltar atrás...
Todo mundo (bem, quase todo mundo) fica pressionando, sem entender, esperando que ele volte. Já pensaram? Que maldita quebra de paradigma, o cara sai de casa porque a relação acabou? E isso lá é motivo? Se essa moda pega? Muita gente quer dizer, deixa de ser “rebelde sem causa” e volta para casa já! Surreal...
O que ele houve é “você não vai agüentar”, “o pior ainda está por vir”... Surreal...
Tudo bem que separar é PhD. Vai ser difícil organizar o orçamento, vai ter que morar mal, vai ficar sem ter o que comer algumas vezes, mas, mulher da vida que trouxe ao mundo um rebento, e daí? What can we do? Life is a bitch.
Eu dou apoio ao meu amigo. Se ele quiser ficar sozinho, que fique, se quiser se isolar, que se isole, se quiser conversar, que venha conversar, se quiser sexo... que vá para uma termas!
Mas fica a lição... Se você tiver que contrariar alguém, não o faça com respeito, sacaneie, pise, seja escroto, porque, com consideração as pessoas não entendem, não aceitam, não conseguem digerir.
Esses humanos não sabem ser contrariados sem poder sentir raiva...
É uma pena...
Blessed be...
Blessed be...